Médicos cardiologistas, enfermeiros do CTI e do Bloco Cirúrgico participaram do treinamento sobre Operação do Balão Intra Aórtico, ocorrido no dia 30 de Abril, ministrado pelo Engº Ricardo Duarte, Gerente da Surgical Tecnologia.
O balão intra-aórtico (BIA) é um dispositivo utilizado para aumentar o fluxo de sangue que chega até as artérias do coração (artérias coronárias), melhorando a irrigação e o desempenho cardíaco, já que este orgão desempenha a função de uma bomba propulsora de sangue. Um cateter que possui um balão em sua extremidade , é introduzido até a principal artéria do organismo, a artéria aorta. Por isso, recebe o nome de BIA.
Como funciona:
O BIA funciona por contrapulsação, ele insufla apenas quando o coração relaxa. Desta forma , há um aumento do fluxo de sangue para as artérias coronárias. O BIA desinsufla quando o coração contrai aumentando o fluxo do sangue para fora do coração.
O funcionamento do BIA é controlado por um computador acoplado ao monitor cardíaco do paciente, permitindo uma sincronia entre o balão e as fases de contração (sístole) e de relaxamento (diástole) do coração.
Instalação do BIA:
O procedimento de instalação do BIA é realizada, em geral, apenas com uma anestesia local, porém, em situações específicas e de acordo com a gravidade do quadro do paciente, poderá ser necessária uma anestesia geral.
O BIA é introduzido por uma artéria calibrosa, a artéria femoral, localizada na região da virilha. Após a anestesia, um cateter contendo um balão em sua extremidade é introduzido na artéria femoral e posicionado na artéria aorta. Este cateter é então conectado a um módulo externo, responsável pela insuflação do balão, sincronizada com o ciclo cardíaco (contração e relaxamento do coração). O posicionamento do cateter na aorta e as suas insuflações não causam dor ou desconforto.
Quando o BIA é indicado:
O BIA é indicado após um quadro de infarto do miocárdio quando o paciente desenvolve uma complicação grave, chamada de choque cardiogênico (falência cardíaca, acarretando queda significativa da pressão arterial e da irrigação sanguínea para os tecidos do organismo).
Em outras situações de risco para o choque cardiogênico (durante uma angioplastia coronariana ou uma cirurgia cardíaca), o BIA também poderá ser instalado preventivamente. Em pacientes com angina instável grave e que não respondem aos tratamentos convencionais, o BIA também está indicado.
Quando o BIA é contraindicado:
As principais contraindicações ao uso do BIA são: a insuficiência da válvula aórtica (o balão piora esse defeito da válvula), dissecção da artéria aorta , doença vascular periférica severa (que dificulta a introdução do balão e aumenta os risco de isquemia da perna aonde o balão foi introduzido ) e em pacientes com lesão cerebral irreversível (o BIA em nada irá contribuir para a evolução desses pacientes com dano cerebral grave)
Quais os riscos:
Por se tratar de um procedimento invasivo, a instalação do BIA acarreta alguns riscos que, geralmente, são justificados pela gravidade do quadro que leva a indicação de sua colocação.Os riscos de complicações graves (acidente vascular cerebral ou derrame cerebral, lesão vascular grave e morte), são relativamente baixos, mas dependem da gravidade de cada paciente.
A presença de doença arterial obstrutiva periférica (obstruções nas artérias das pernas) aumenta os riscos de complicações vasculares locais (sangramentos e hematomas) e de isquemia (má circulação da perna por onde o BIA foi introduzido).Devemos ressaltar, entretanto, que esse procedimento deverá ser realizado por uma equipe médica capacitada para atender qualquer tipo de complicação que possa vir a ocorrer.
Cuidados:
Enquanto o paciente permanecer com o BIA, o repouso no leito será obrigatório, assim como , a permanência do paciente na unidade de terapia intensiva. O tempo de uso do balão dependerá da gravidade e da evolução do quadro (em geral 24 até 72 horas). Quando não for mais necessário, o BIA será retirado, fazendo-se apenas compressão no local da punção.