De acordo com estudo do ILAS, mais de 90% dos brasileiros desconhecem a sepse
Embora seja conhecida erroneamente como infecção generalizada ou falência múltipla dos órgãos, a sepse é desconhecida por 93% da população brasileira. Os dados foram revelados por uma pesquisa encomendada pelo Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas), com sede no Brasil, ao Datafolha. O levantamento teve como objetivo traçar ações para a conscientização da população sobre o problema. Dos 2.126 entrevistados, apenas 7% já haviam ouvido falar sobre a sepse. Desse universo, 42% responderam corretamente o que era a síndrome: “resposta grave do organismo a uma infecção”.
Nos dias 28 e 29 de Agosto, acontecerá no Caesar Business Vila Olímpia, em São Paulo, o 12º Fórum Internacional de Sepse, que é um importante problema de saúde pública no mundo, com estimativa de 400 mil casos por ano no Brasil, que acarreta cerca de 200 mil óbitos e elevados custos financeiros para o País. De acordo com o Dr. Luciano Azevedo, membro da Diretoria do Ilas e médico intensivista, “o Brasil tem uma das maiores mortalidades de sepse do mundo”. Alguns estudos epidemiológicos mostraram que a mortalidade brasileira por sepse é maior do que a de países economicamente semelhantes, como a Índia e a Argentina”. Numa pesquisa detectou que dos 93% entrevistados que afirmaram não conhecer a sepse, a pesquisa do ILAS através de pergunta com resposta estimulada (“Em sua opinião a sepse é”), 45% não souberam responder. Em contrapartida, 98% de todos os entrevistados sabiam o que era infarto do miocárdio e 88% souberam responder quais eram os sintomas.
Segundo o membro da ILAS, não se sabe muito bem os motivos pelos quais as taxas no Brasil são tão altas, mas acredita-se que uma das razões seja o pouco conhecimento da população, o que faz com que os pacientes com sepse sejam admitidos para tratamento em fases mais avançadas, quando o risco de óbito é maior. Além disso, os profissionais de saúde que atendem os pacientes sépticos, seja nos prontos-socorros, enfermarias ou UTIs, também têm dificuldades no reconhecimento rápido da síndrome e de suas disfunções orgânicas. Dessa maneira, o diagnóstico é feito de forma atrasada, já que as horas iniciais são imortantíssimas para o tratamento com antibioticoterapia e reposição volêmica.
Crianças, idosos e pessoas com sistema imune deficiente, como pacientes com HIV ou com câncer, estão no grupo de maior risco. A sepse pode começar com uma infecção, como a pneumonia ou uma infecção urinária, que se não tratada adequadamente pode evoluir e levar ao óbito.
A SEPSE NA UTI
De acordo com o Dr. Reinaldo, todo paciente séptico é tratado nas unidades de terapia intensiva e, de acordo com os dados da pesquisa, 25% da ocupação desses leitos é com pacientes acometidos pela síndrome. “Atualmente é a principal causa de morte nas UTI’s e uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia.
A pesquisa qualitativa acompanhou durante 60 dias 794 pacientes internados em 277 UTIs espalhadas em todo território nacional, revelando uma prevalência de 29,6%, ou seja, 1/3 dos leitos de UTI do país estão ocupados com pacientes com sepse grave e choque, demonstrando a pesada carga que a síndrome representa para o Brasil, em termos de recursos alocados, incluindo disponibilidade de leitos (dados da Dra. Flávia Machado, Vice-Presidente do ILAS).
O estudo mostrou que o aumento da mortalidade está ligado à gravidade dos pacientes, ao fato deles terem aadquirido infecção quando já estavam internados na UTI (infecção hospitalar) e à inadequação do tratamento, principalmente devido ao atraso para administração da primeira dose de antibióticos. Além disso, instituições com menor disponibilidade de recursos tiveram maior mortalidade.
A prevalência e a mortalidade por sepse no Brasil continuam altas e não há diferenças entre instituições públicas, privadas, hospitais universitários e não universitários ou entre as regiões. Levantamento da Dra. Flávia Machado confirmam que nem a população está consciente e nem os médicos ao detectar rapidamente o quadro e, com isso, iniciar o tratamento nas primeiras seis horas.
Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade por sepse está atualmente entre 23% e 25% e vem diminuindo nos últimos 10 anos. Já a Austrállia tem a menor taxa do mundo que é de 18%.
PROTOCOLOS PARA O RECONHECIMENTO PRECOCE E CONSCIENTIZAÇÃO
Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Recomendação 6/2014, orientando que em todos os níveis de atendimento à saúde sejam estabelecidos protocolos assistenciais visando o reconhecimento precoce e a pronta instituição das medidas iniciais de tratamento aos pacientes com sepse. Sugere ainda a capacitação dos médicos para o enfrentamento deste problema cada vez mais incidente – devido ao aumento da população idosa e do número de pacientes imunossuprimidos ou portadores de doenças crônicas, criando uma populaçao suscetível para o desenvolvimento de infecções graves.
O Hospital Ibiapaba/CEBAMS desenvolveu seu Protocolo de SEPSE com atuação da Dra. Karine Brito Mendes (médica intensivista e Coordenadora do CTI) e Dr. Marcelo Dias de Castro (médico infectologista e médico da CCIH) e no dia 19 de Agosto validou com a participação dos médicos do Corpo Clínico.
Fonte: Revista Hospitais Brasil